segunda-feira, 23 de novembro de 2009

ZOOLOGIA


CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS SERPENTES


As serpentes estão assim classificadas:

Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Subordem: Ophidia (Serpentes)


Aproximadamente 3000 espécies - Brasil 365 espécies


ANATOMIA


As serpentes são inteiramente desprovidas de membros. As numerosas vértebras das serpentes, mais curtas e largas, permitem rápidas ondulações laterais através da vegetação e sobre terrenos ásperos. As costelas aumentam a rigidez da coluna vertebral, fornecendo maior resistência a pressões laterais.


O crânio altamente cinético e as demais adaptações relacionadas à alimentação permitem que as serpentes se alimentem de presas com diversas vezes seu próprio tamanho. Os dois ramos da mandíbula são ligadas apenas por músculos e pele, permitindo sua abertura ampla.


O corpo das serpentes é recoberto por uma pele resistente e impermeável. As duras escamas queratinizadas são agrupadas, por vezes sobrepostas como as telhas de um telhado, e variam em cor e tamanho. Realizam muda (Ecdise).


ÓRGÃOS SENSORIAIS

A maioria das serpentes possui visão deficiente, sendo que as serpentes arborícolas das florestas tropicais constituem uma exceção. Algumas serpentes arborícolas possuem excelente visão binocular, que as ajuda a localizar presas em ramos onde os rastros olfativos seriam impossíveis de seguir.


As serpentes não possuem ouvido externo ou membrana timpânica. Esta condição, em conjunto com a ausência de respostas a sons aéreos, levou à opinião geral de que as serpentes são totalmente surdas. No entanto, elas possuem ouvido interno, e trabalhos recentes demonstraram claramente que, dentro de um espectro limitado de baixas freqüências (100 a 700 Hz), a audição das serpentes é superior à da maioria dos lagartos. As serpentes são também bastante sensíveis a vibrações transmitidas pelo solo.


A maioria das serpentes orienta-se por meio de quimiorrecepção, em lugar da visão e da audição, para caçar suas presas. Juntamente com as áreas olfativas das narinas, que não são bem desenvolvidas, estão os órgãos de Jacobson, um par de reentrâncias localizadas no teto da boca. Estes órgãos, ricamente inervados, são revestidos por um epitélio olfativo. A língua bífida é projetada no ar e capta partículas odoríferas, trazendo-as para o interior da boca. A língua é então posta em contato com os órgãos de Jacobson e a informação é transmitida ao encéfalo, onde os odores são identificados.


As serpentes da subfamília Crotalinae da família Viperidae: cascavéis, jararacas e surucucus, possuem órgãos especiais sensíveis ao calor, as fossetas loreais, localizadas entre as narinas e os olhos. As fossetas loreais respondem à radiação de ondas longas de infravermelho (5.000 a 15.000 nm), sendo especialmente sensíveis ao calor emitido por aves e mamíferos endotérmicos (comprimentos de onda de infravermelho de cerca de 10.000 nm). As serpentes utilizam as fossetas loreais para localizar suas presas e dirigir o bote com grande precisão, tanto na escuridão quanto na luz do dia.



LOCOMOÇÃO


As serpentes desenvolveram diversas soluções para o problema óbvio de movimentação na ausência de membros:


Ondulação lateral: O movimento segue um caminho em forma de “S”. O movimento ondulatório lateral é rápido e eficiente, mas não em todas as circunstâncias.

Movimento em concertina: permite que uma serpente se movimente em uma passagem estreita, como quando escala uma árvore utilizando sulcos irregulares da casca.

Movimento retilinear: Para mover-se em uma linha reta como quando se aproxima de uma presa. Duas ou três seções do corpo apóiam-se no solo, sustentando o pelo do animal. O movimento retilinear é uma forma lenta mas efetiva de mover-se discretamente em direção à presa, mesmo na ausência de irregularidades na superfície.


ALIMENTAÇÃO

Essencialmente carnívoras

Invertebrados: lemas, caramujos, minhocas, aranhas.

Vertebrados: peixes, anfíbios, lagartos, serpentes, aves ou mamíferos.

Movimentos de deglutição são lentos e geralmente inicia pela cabeça.


As serpentes podem passar meses sem se alimentar, a freqüência alimentar está associada a digestão.




Presas inoculadoras de veneno:


Aglifa: sem presa inoculadora de veneno; todos os dentes do mesmo tamanho; ex: jibóia (Boa ssp.), cobra-cipó (Chironius sp.)

Opistóglifa: presas inoculadoras localizadas na porção caudal do maxilar, ex: cobra-verde (Philodryas sp.)

Proteróglifas: presas inoculadoras localizadas na porção rostral do maxilar, ex: serpentes marinhas, najas (Naja sp.), corais verdadeiras (Micrurus sp.)

Solenóglifas: presas inoculadoras de veneno localizadas na região rostral, sendo longas e com um canal interno por onde o veneno escorre; apresentam mecanismo de dobramento contra o palato quando a mandíbula está fechada; ex: víboras, jararacas (Bothrops).



SERPENTES PEÇONHENTAS


No mundo todo existem, aproximadamente, 2500 espécies de serpentes. Destas, 250 são conhecidas no Brasil, das quais 70 são consideradas peçonhentas e pertencentes a dois grupos, Crotalíneos e Elapíneos, e quatro gêneros, Bothrops, Crotalus, Lachesis e Micrurus sendo responsáveis por cerca de 20 mil vítimas por ano.



Crotalíneos

Características


Este grupo apresenta as seguintes características:


  • Fosseta loreal, ou seja, um buraco entre o olho e a narina em cada lado da cabeça, que serve para a cobra perceber modificações de temperatura a sua frente. Por isso elas podem se movimentar e caçar a noite, mesmo sem a visão normal. É chamada, também, de cobra-de-quatro-ventas;
  • Cabeça triangular recoberta com escamas pequenas;
  • Dentes inoculadores de veneno, grandes, pontiagudos, móveis e ocos, lembrando agulhas de injeção, situados na frente da boca. Quando a cobra está em repouso, estes dentes permanecem deitados recobertos por membranas dando aparência de estar sem dentes;
  • Parte superior do corpo recoberta por escamas sem brilho, em forma de quilha, isto é, como bico de barco ou casca de arroz;
  • Caudas diferenciadas para cada gênero que constitui este grupo, ou seja, cauda lisa (jararacas), cauda com guizo ou chocalho (cascavel) e cauda com escamas arrepiadas no final (surucucu).

Principais Gêneros e Espécies


Os Crotalíneos se subdividem em 3 gêneros:


  • Bothrops
  • Crotalus
  • Lachesis

REPRODUÇÃO


Sistema reprodutivo


As fêmeas apresentam um par de ovários. Cada ovário tem um oviduto que se abre na cloaca. Modificações coordenadas da morfologia, fisiologia e conduta das espécies são observadas durante o ciclo reprodutivo. Nas fêmeas, as principais mudanças morfológicas ocorrem nos ovários e ovidutos. Os ovidutos das serpentes apresentam múltiplas funções na fertilização, como estoque de esperma, transporte de ovos, deposição da casca, manutenção do embrião e expulsão do ovo ou feto. Durante a estação reprodutiva os ovidutos também apresentam variações morfológicas, sendo maiores no período de estro (fase de vitelogênese secundária) e menores após esta fase.

Os machos apresentam um par de testículos, Apresentam um par de órgãos copuladores HEMIPÊNIS. A maioria das espécies apresentam dimorfismo sexual, sendo a fêmea maior que os machos e algumas espécies os machos apresentam cauda mais grossa que a fêmea.

Na época do acasalamento as fêmeas liberam ferormônios sendo vários machos atraídos, podendo haver combate. Antes da cópula ocorre ritual de corte: fricção da parte inferior da cabeça do macho contra o dorso da fêmea. Durante a cópula o hemipênis é evertido, inflado com sangue e introduzido na cloaca da fêmea, que pode armazenar os espermatozóides durante anos. A corte pode durar de alguns minutos até 72 horas.

A maioria das espécies brasileiras são ovíparas. Os ovos frequentemente são brancos, de casca resistente e flexível. A incubação é de 60 a 70 dias, variando conforme a espécie. Algumas espécies (Boidae, Viperidae e alguns Colubridae) são vivíparas, sendo que o desenvolvimento dos embriões ocorre no interior do oviduto da mãe.

O n° de filhotes ou ovos varia de acordo com a espécie. Várias espécies de serpentes produzem ninhadas pequenas com um a quatro ovos ou filhote, contudo algumas espécies podem produzir 100 ou mais filhotes. Os recém nascidos são idênticos aos pais, porém em menor tamanho corporal, podendo apresentar padrão de coloração e desenhos diferentes. Apenas poucas serpentes apresentam cuidado parental, sendo realizado através de proteção aos ovos [enrolando-se envolta deles (Surucucu - Lachesis muta) ou atacando predadores (Pseudoeryx plicatilis – Colubridae)]; assistência à prole não é observada.



HÁBITOS E COMPORTAMENTOS


Termorregulação


A temperatura influencia o metabolismo das serpentes e todas as suas atividades velocidade de rastejamento, de natação, o forrageamento, a freqüência de dardejo da língua, a taxa de digestão e a taxa de consumo de oxigênio.


Terrícolas:

- Exploram o chão a procura de alimento e abrigo

Arborícolas

- Exploram a vegetação arbustiva a procura de alimento e abrigo

Aquáticas

- Exploram ambientes aquáticos a procura de alimento e abrigo dentro ou fora d’água.

Fossoriais

- Exploram ambientes a baixo da superfície do chão, sob o folhiço, dentro de troncos em decomposição e entre pedras.

SELEÇÃO DE HABITATS


A seleção de habitats de algumas serpentes pode ser influenciada por fatores fisiológicos ou eco-fisiológicos, como a tolerância à insolação, à temperatura e à umidade. A seleção de hábitat estaria, ainda, condicionada a outros fatores, como estrutura do substrato e a densidade do dossel.


O período de inatividade é amplamente diurno, quando as espécies são encontradas predominantemente enrodilhadas.


Bothrops moojeni e B. neuwiedi, embora coexistam no mesmo bioma, utilizam-no de forma diferenciada. Enquanto B. moojeni utiliza predominantemente a mata e o ecótono, B. neuwiedi encontra-se amplamente restrita a formações abertas como cerrados e campos.


Considerando áreas naturais de Cerrado, não há indicações de que a presença de uma espécie interfira diretamente na escolha de hábitat da outra.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


HICKMAN JR, Cleveland P.; ROBERTS, Larry S.; LARSON, Allan. Princípios integrados de zoologia. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.


Janeiro-Cinquini, Thélia R. F. Variação anual do sistema reprodutor de fêmeas de Bothrops jararaca (Serpentes, Viperidae). Iheringia, Sér. Zool., Set 2004, vol.94, no.3, p.325-328.


Janeiro-Cinquini, Thélia Rosana Forte. Capacidade reprodutiva de Bothrops jararaca (Serpentes, Viperidae). Iheringia, Sér. Zool., Dez 2004, vol.94, no.4, p.429-431. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0073-47212004000400013&lng=pt&nrm=iso


BORGES, R. C., ARAUJO, A. F. B. Seleção de hábitat em duas espécies de jararaca (Bothrops moojeni Hoge e B. neuwiedi Wagler) (Serpentes, Viperidae). Rev. Bras. Biol., Nov 1998, vol.58, no.4, p.591-601. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71081998000400006&lng=pt&nrm=iso


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