segunda-feira, 23 de novembro de 2009

ZOOLOGIA


CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS SERPENTES


As serpentes estão assim classificadas:

Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Subordem: Ophidia (Serpentes)


Aproximadamente 3000 espécies - Brasil 365 espécies


ANATOMIA


As serpentes são inteiramente desprovidas de membros. As numerosas vértebras das serpentes, mais curtas e largas, permitem rápidas ondulações laterais através da vegetação e sobre terrenos ásperos. As costelas aumentam a rigidez da coluna vertebral, fornecendo maior resistência a pressões laterais.


O crânio altamente cinético e as demais adaptações relacionadas à alimentação permitem que as serpentes se alimentem de presas com diversas vezes seu próprio tamanho. Os dois ramos da mandíbula são ligadas apenas por músculos e pele, permitindo sua abertura ampla.


O corpo das serpentes é recoberto por uma pele resistente e impermeável. As duras escamas queratinizadas são agrupadas, por vezes sobrepostas como as telhas de um telhado, e variam em cor e tamanho. Realizam muda (Ecdise).


ÓRGÃOS SENSORIAIS

A maioria das serpentes possui visão deficiente, sendo que as serpentes arborícolas das florestas tropicais constituem uma exceção. Algumas serpentes arborícolas possuem excelente visão binocular, que as ajuda a localizar presas em ramos onde os rastros olfativos seriam impossíveis de seguir.


As serpentes não possuem ouvido externo ou membrana timpânica. Esta condição, em conjunto com a ausência de respostas a sons aéreos, levou à opinião geral de que as serpentes são totalmente surdas. No entanto, elas possuem ouvido interno, e trabalhos recentes demonstraram claramente que, dentro de um espectro limitado de baixas freqüências (100 a 700 Hz), a audição das serpentes é superior à da maioria dos lagartos. As serpentes são também bastante sensíveis a vibrações transmitidas pelo solo.


A maioria das serpentes orienta-se por meio de quimiorrecepção, em lugar da visão e da audição, para caçar suas presas. Juntamente com as áreas olfativas das narinas, que não são bem desenvolvidas, estão os órgãos de Jacobson, um par de reentrâncias localizadas no teto da boca. Estes órgãos, ricamente inervados, são revestidos por um epitélio olfativo. A língua bífida é projetada no ar e capta partículas odoríferas, trazendo-as para o interior da boca. A língua é então posta em contato com os órgãos de Jacobson e a informação é transmitida ao encéfalo, onde os odores são identificados.


As serpentes da subfamília Crotalinae da família Viperidae: cascavéis, jararacas e surucucus, possuem órgãos especiais sensíveis ao calor, as fossetas loreais, localizadas entre as narinas e os olhos. As fossetas loreais respondem à radiação de ondas longas de infravermelho (5.000 a 15.000 nm), sendo especialmente sensíveis ao calor emitido por aves e mamíferos endotérmicos (comprimentos de onda de infravermelho de cerca de 10.000 nm). As serpentes utilizam as fossetas loreais para localizar suas presas e dirigir o bote com grande precisão, tanto na escuridão quanto na luz do dia.



LOCOMOÇÃO


As serpentes desenvolveram diversas soluções para o problema óbvio de movimentação na ausência de membros:


Ondulação lateral: O movimento segue um caminho em forma de “S”. O movimento ondulatório lateral é rápido e eficiente, mas não em todas as circunstâncias.

Movimento em concertina: permite que uma serpente se movimente em uma passagem estreita, como quando escala uma árvore utilizando sulcos irregulares da casca.

Movimento retilinear: Para mover-se em uma linha reta como quando se aproxima de uma presa. Duas ou três seções do corpo apóiam-se no solo, sustentando o pelo do animal. O movimento retilinear é uma forma lenta mas efetiva de mover-se discretamente em direção à presa, mesmo na ausência de irregularidades na superfície.


ALIMENTAÇÃO

Essencialmente carnívoras

Invertebrados: lemas, caramujos, minhocas, aranhas.

Vertebrados: peixes, anfíbios, lagartos, serpentes, aves ou mamíferos.

Movimentos de deglutição são lentos e geralmente inicia pela cabeça.


As serpentes podem passar meses sem se alimentar, a freqüência alimentar está associada a digestão.




Presas inoculadoras de veneno:


Aglifa: sem presa inoculadora de veneno; todos os dentes do mesmo tamanho; ex: jibóia (Boa ssp.), cobra-cipó (Chironius sp.)

Opistóglifa: presas inoculadoras localizadas na porção caudal do maxilar, ex: cobra-verde (Philodryas sp.)

Proteróglifas: presas inoculadoras localizadas na porção rostral do maxilar, ex: serpentes marinhas, najas (Naja sp.), corais verdadeiras (Micrurus sp.)

Solenóglifas: presas inoculadoras de veneno localizadas na região rostral, sendo longas e com um canal interno por onde o veneno escorre; apresentam mecanismo de dobramento contra o palato quando a mandíbula está fechada; ex: víboras, jararacas (Bothrops).



SERPENTES PEÇONHENTAS


No mundo todo existem, aproximadamente, 2500 espécies de serpentes. Destas, 250 são conhecidas no Brasil, das quais 70 são consideradas peçonhentas e pertencentes a dois grupos, Crotalíneos e Elapíneos, e quatro gêneros, Bothrops, Crotalus, Lachesis e Micrurus sendo responsáveis por cerca de 20 mil vítimas por ano.



Crotalíneos

Características


Este grupo apresenta as seguintes características:


  • Fosseta loreal, ou seja, um buraco entre o olho e a narina em cada lado da cabeça, que serve para a cobra perceber modificações de temperatura a sua frente. Por isso elas podem se movimentar e caçar a noite, mesmo sem a visão normal. É chamada, também, de cobra-de-quatro-ventas;
  • Cabeça triangular recoberta com escamas pequenas;
  • Dentes inoculadores de veneno, grandes, pontiagudos, móveis e ocos, lembrando agulhas de injeção, situados na frente da boca. Quando a cobra está em repouso, estes dentes permanecem deitados recobertos por membranas dando aparência de estar sem dentes;
  • Parte superior do corpo recoberta por escamas sem brilho, em forma de quilha, isto é, como bico de barco ou casca de arroz;
  • Caudas diferenciadas para cada gênero que constitui este grupo, ou seja, cauda lisa (jararacas), cauda com guizo ou chocalho (cascavel) e cauda com escamas arrepiadas no final (surucucu).

Principais Gêneros e Espécies


Os Crotalíneos se subdividem em 3 gêneros:


  • Bothrops
  • Crotalus
  • Lachesis

REPRODUÇÃO


Sistema reprodutivo


As fêmeas apresentam um par de ovários. Cada ovário tem um oviduto que se abre na cloaca. Modificações coordenadas da morfologia, fisiologia e conduta das espécies são observadas durante o ciclo reprodutivo. Nas fêmeas, as principais mudanças morfológicas ocorrem nos ovários e ovidutos. Os ovidutos das serpentes apresentam múltiplas funções na fertilização, como estoque de esperma, transporte de ovos, deposição da casca, manutenção do embrião e expulsão do ovo ou feto. Durante a estação reprodutiva os ovidutos também apresentam variações morfológicas, sendo maiores no período de estro (fase de vitelogênese secundária) e menores após esta fase.

Os machos apresentam um par de testículos, Apresentam um par de órgãos copuladores HEMIPÊNIS. A maioria das espécies apresentam dimorfismo sexual, sendo a fêmea maior que os machos e algumas espécies os machos apresentam cauda mais grossa que a fêmea.

Na época do acasalamento as fêmeas liberam ferormônios sendo vários machos atraídos, podendo haver combate. Antes da cópula ocorre ritual de corte: fricção da parte inferior da cabeça do macho contra o dorso da fêmea. Durante a cópula o hemipênis é evertido, inflado com sangue e introduzido na cloaca da fêmea, que pode armazenar os espermatozóides durante anos. A corte pode durar de alguns minutos até 72 horas.

A maioria das espécies brasileiras são ovíparas. Os ovos frequentemente são brancos, de casca resistente e flexível. A incubação é de 60 a 70 dias, variando conforme a espécie. Algumas espécies (Boidae, Viperidae e alguns Colubridae) são vivíparas, sendo que o desenvolvimento dos embriões ocorre no interior do oviduto da mãe.

O n° de filhotes ou ovos varia de acordo com a espécie. Várias espécies de serpentes produzem ninhadas pequenas com um a quatro ovos ou filhote, contudo algumas espécies podem produzir 100 ou mais filhotes. Os recém nascidos são idênticos aos pais, porém em menor tamanho corporal, podendo apresentar padrão de coloração e desenhos diferentes. Apenas poucas serpentes apresentam cuidado parental, sendo realizado através de proteção aos ovos [enrolando-se envolta deles (Surucucu - Lachesis muta) ou atacando predadores (Pseudoeryx plicatilis – Colubridae)]; assistência à prole não é observada.



HÁBITOS E COMPORTAMENTOS


Termorregulação


A temperatura influencia o metabolismo das serpentes e todas as suas atividades velocidade de rastejamento, de natação, o forrageamento, a freqüência de dardejo da língua, a taxa de digestão e a taxa de consumo de oxigênio.


Terrícolas:

- Exploram o chão a procura de alimento e abrigo

Arborícolas

- Exploram a vegetação arbustiva a procura de alimento e abrigo

Aquáticas

- Exploram ambientes aquáticos a procura de alimento e abrigo dentro ou fora d’água.

Fossoriais

- Exploram ambientes a baixo da superfície do chão, sob o folhiço, dentro de troncos em decomposição e entre pedras.

SELEÇÃO DE HABITATS


A seleção de habitats de algumas serpentes pode ser influenciada por fatores fisiológicos ou eco-fisiológicos, como a tolerância à insolação, à temperatura e à umidade. A seleção de hábitat estaria, ainda, condicionada a outros fatores, como estrutura do substrato e a densidade do dossel.


O período de inatividade é amplamente diurno, quando as espécies são encontradas predominantemente enrodilhadas.


Bothrops moojeni e B. neuwiedi, embora coexistam no mesmo bioma, utilizam-no de forma diferenciada. Enquanto B. moojeni utiliza predominantemente a mata e o ecótono, B. neuwiedi encontra-se amplamente restrita a formações abertas como cerrados e campos.


Considerando áreas naturais de Cerrado, não há indicações de que a presença de uma espécie interfira diretamente na escolha de hábitat da outra.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


HICKMAN JR, Cleveland P.; ROBERTS, Larry S.; LARSON, Allan. Princípios integrados de zoologia. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.


Janeiro-Cinquini, Thélia R. F. Variação anual do sistema reprodutor de fêmeas de Bothrops jararaca (Serpentes, Viperidae). Iheringia, Sér. Zool., Set 2004, vol.94, no.3, p.325-328.


Janeiro-Cinquini, Thélia Rosana Forte. Capacidade reprodutiva de Bothrops jararaca (Serpentes, Viperidae). Iheringia, Sér. Zool., Dez 2004, vol.94, no.4, p.429-431. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0073-47212004000400013&lng=pt&nrm=iso


BORGES, R. C., ARAUJO, A. F. B. Seleção de hábitat em duas espécies de jararaca (Bothrops moojeni Hoge e B. neuwiedi Wagler) (Serpentes, Viperidae). Rev. Bras. Biol., Nov 1998, vol.58, no.4, p.591-601. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71081998000400006&lng=pt&nrm=iso


sábado, 21 de novembro de 2009

CARTOGRAFIA

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES BOTHROPS:

No estado de Pernambuco, de acordo com, são encontradas apenas 2 espécies de Bothtrops B. erythromelas em toda a área de Caatinga e possivelmente no Sertão do São Francisco , sendo confirmado a existência de Brothtrops em área de floresta no município de Caruaru (fig. 1). Essas espécies são conhecidas popularmente como Jararaca malha de cascavel ou jararaca avermelhada e se encontra amplamente distribuída na caatinga dos estados de Pernambuco, Minas Gerais, Sergipe, Alagoas, Paraíba, e Ceará, alem de brejos e altitudes ou regiões de mata remanescentes do estado de Pernambuco.

Nome Científico: Bothorps alternatus
Nomes Populares: urutu, urutu-cruzeira, cruzeira
Características: possui desenhos em forma de gancho de telefone. Mede cerca de 1 metro e meio de comprimento. Encontrada em vegetação rasteira, perto de rios e lagos ou em plantações. Apresenta poucos relatos de casos. Acidentes graves.
Distribuição Geográfica: RS, SC, PR, SP, MS E MG.

Nome Científico: Bothrops atrox
Nome Popular: surucucurana, jararaca-do-norte, combóia, jararaca-do-rabo-branco
Características: Porte médio; indivíduos grandes podem alcançar quase 1,50m de comprimento; agressiva; hábitos terrestres; atividade noturna, mas também ativa durante o dia; é a espécie que provoca o maior número de acidentes no norte do Brasil. Até o presente, é a espécie responsável pela maioria dos registros de acidentes na Amazônia.
Distribuição Geográfica: Encontrada em toda a Amazônia, tanto nas florestas como em regiões de vegetação secundária, capoeiras, locais inundados e áreas com atividades agropastoris. AC, AM, RR, PA, AP, MA, RO, TO, CE e MT (áreas de florestas).


Nome Científico: Bothrops erythromelas
Nome Popular: jararaca ou jararaca-da-seca
Características: porte pequeno, aproximadamente 0,50m de comprimento; hábitos terrestres.
Sintomas: Os distúrbios de coagulação são as manifestações mais comumente registradas. Acidentes com poucas alterações locais, geralmente benignos.
Distribuição Geográfica: PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA e MG (áreas xerófitas/caatinga).



Nome Científico: Bothrops jararaca
Nome Popular: jararaca, jararaca-do-rabo-branco
Características: coloração esverdeada com desenhos semelhantes a um "V" invertido, corpo delgado medindo aproximadamente 1 metro de comprimento.
Sintomas: Causa muita dor e edema no local da picada. Pode haver sangramento no local da picada, nas gengivas ou outros ferimentos. Acidente de médio risco de vida. Casos graves ou óbitos são pouco freqüentes.
Distribuição Geográfica: BA, MG, ES, RJ, SP, PR, SC e RS.


Nome Científico: Bothrops jararacuçu
Nome Popular: jararacuçu
Características: provoca acidentes graves com casos fatais.
Distribuição Geográfica: BA, ES, RJ, SP, PR, MG, MT e SC.



Nome Científico: Bothrops leucurus
Distribuição Geográfica: BA.


Nome Científico: Bothrops moojeni

Nome Popular: jararacão, jararaca, caiçaca.
Características: porte médio; indivíduos grandes podem ultrapassar 1,50m de comprimento; agressiva; terrestre, vivendo em áreas mais secas; a combinação de cores e desenhos empresta à pele do animal um aspecto aveludado. Distribuição Geográfica: PI, TO, DF, GO, MG, SP, MT, MS e PR.


Nome Científico:Bothrops neuwiedi
Nome Popular: jararaca-pintada
Características: provoca acidentes geralmente com bom diagnóstico.
Distribuição Geográfica: Em todo o país, exceto Amazônia.

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA PRINCIPAL ESPÉCIE CROTALUS:

Já as espécies de serpentes Crotalus durissus, são provenientes de diferentes localidades do Cerrado brasileiro dos estados do Distrito Federal. Se por um lado as regiões Baía da Ilha Grande, Serrana, Centro-Sul Fluminense e Médio Paraíba representam risco, por outro lado as regiões Metropolitana, Norte Fluminense e das Baixadas Litorâneas representam proteção. Os sete municípios que apresentaram os maiores coeficientes de incidência de acidentes ofídicos em 100 mil habitantes (Varre-Sai – 19,04, Sumidouro – 13,68, Bom Jardim – 12,93, Trajano de Morais – 12,29, São José do Vale do Rio Preto – 12,10, Porciúncula – 10,68, e Natividade – 10,06) se concentram em apenas duas regiões, Noroeste Fluminense e Serrana e apresentam densidade demográfica inferior a 68 habitantes/km2.

Nome Científico: Crotalus durissus
Nome Popular: cascavel, maracambóia, boicininga
Características: coloração marrom-amarelado, medindo cerca de 1 metro. Apresenta chocalho na ponta da cauda. Prefere regiões pedregosas e secas. Sintomas: Após a picada, o paciente apresenta visão dupla e borrada. Acidente de alto risco de vida.

Distribuição Geográfica: Em todo o país, exceto áreas florestais e zona litorânea.



DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA PRINCIPAL ESPÉCIE LACHERIS:

Nome Científico:Lachesis muta
Nome Popular: surucucu, surucucu-pico-de-jaca, surucutinga
Características: apresenta fosseta loreal e porção final da cauda com escamas eriçadas. É a maior das serpentes peçonhentas do Brasil, pode atingir mais de 3m de comprimento. Possui hábitos terrestres, vivendo exclusivamente em áreas florestadas; com maior atividade noturna.
Distribuição Geográfica: Floresta Amazônica e Mata Atlântica, do Nordeste ao Rio de Janeiro.

MAPA DAS REGIÕES


Figura 1



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HOYOS ARGÁEZ, Maria Adelaida. Ecologia da cascavel (Viperidae, Crotalus durissus) no Cerrado brasileiro. Brasília. 2006. Disponível em: <http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1379> Acesso em: nov. 2006.

BOCHNER Rosany, STRUCHINER José Claudio. Aspectos ambientais e sócio-econômicos relacionados à incidência de acidentes ofídicos no Estado do Rio de Janeiro de 1990 a 1996: Uma análise exploratória Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro. 20(4):976-985, jul-ago. 2004.

SOARES DA SILVA Marliete Maria. Estudo da variabilidade intraespecífica da peçonha de Bohtrops erythromelas Amaral, 1926 (Jararaca malha de Cascavel). Recife. 2002. Disponível em: http://www.bdtd.ufpe.br/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo%20=228
BOCHNER ROSANY- Secretaria de saúde do Rio de Janeiro. Animais Peçonhentos. Disponível em: http://www.saude.rj.gov.br/animaispeconhentos/serpentes.html

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

GENÉTICA - ESTUDO DE CASO


Caracterização da variabilidade genética em populações da serpente Bothrops moojeni


INTRODUÇÃO

A industrialização, urbanização, crescimento da área de plantio de monoculturas tem acelerado o processo de extinção de várias espécies do Cerrado. Esses fenômenos têm levado à pronunciadas alterações e empobrecimento da paisagem do Cerrado nas últimas décadas.

A Caiçaca (Bothrops moojeni) é uma espécie de serpente que sofre com alteração e fragmentação de habitat, assim como outros dos componentes da Herpetofauna do Cerrado. Tendo em vista os crescentes problemas ambientais que incidem sobre o Cerrado, estudos voltados para a identificação da variabilidade genética de populações. A estrutura genética de uma população se refere ao grau de endogamia dentro e entre as populações e à eterogeneidade na distribuição dos genótipos. Já o status genético se refere às tendências em abundância e distribuição ao longo do tempo, como por exemplo, identificação na população da ocorrência de gargalos, depressão por endogamia, perda da variabilidade genética. Do mesmo modo em que auxiliam o manejo das populações, estudos sobre o grau de variação genética presente em populações naturais nos permitem compreender mais a fundo os processos evolutivos em nível intra-específico, pois tornam possível a identificação das variações que podem estar ocorrendo dentro de uma espécie.

A análise de populações usando técnicas de genética molecular é necessária para se conhecer relações genéticas entre indivíduos de locais conhecidos.


OBJETIVO

Este trabalho teve como objetivo geral realizar a caracterização genética de populações de Bothrops moojeni (Caiçaca) com o intuito de subsidiar o estabelecimento de estratégias de manejo e conservação desta espécie de viperídeo que apresenta amplo interesse na área da saúde.


GENÉTICA DE POPULAÇÕES E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

A genética de populações se propõe a descrever a maneira pela qual a freqüênciade alelos muda ao longo do tempo. A Genética da conservação é a aplicação das teorias da genética para a preservação das espécies. Atualmente, já existem provas tanto teóricas como experimentais que sustentam a íntima ligação entre mudanças genéticas em pequenas populações e sua possível extinção. Um exemplo disso é a observação de que a perda de diversidade genética aumenta a suscetibilidade das populações à extinção. Uma maneira de expressar a variabilidade é analisar dados genéticos e expressar os dados em termos de freqüências gênicas (ou alélicas).

A distribuição de genótipos é expressa pela equação p2 + 2pq + q2 = 1, que representa o desdobramento do seguinte binômio (p + q)2 onde, p representa freqüência do alelo dominante e q representa a freqüência do alelo recessivo. Portanto, p2 representa a freqüência do genótipo homozigoto dominante, 2pq representa a freqüência do genótipo heterozigoto e q2 representa a freqüência do genótipo homozigoto recessivo. Este teorema, então, só é válido para populações que sejam infinitamente grandes, com cruzamentos ao acaso, isentas de fatores evolutivos, tais como, mutação, seleção natural e fluxo gênico. Quando encontramos uma população que está de acordo com essas premissas, dizemos que ela se encontra em equilíbrio genético. Dentre os fatores evolutivos podemos considerar as mutações, onde diferentes locos podem surgir por mutações ao acaso, um gene mutante que determine maior viabilidade dos indivíduos vai aumentar a sua freqüência no conjunto gênico da população;

1) Seção natural: nas populações os diferentes genótipos não têm a mesma viabilidade, a liminação ou redução dos genótipos menos viáveis provoca alteração nas freqüências gênicas de uma geração à outra;

2) Fuxo gênico: movimentos migratórios introduzem ou retiram alelos das populações, provocando mudanças nas freqüências gênicas e genotípicas e

3) Driva genética: a estabilidade das freqüências gênicas varia conforme o tamanho das populações.



Os marcadores genéticos se tornam ferramentas úteis na identificação de populações nas quais se espera que questões genéticas afetem suas expectativas de sobrevivência continuada e permitem estudos a respeito da estrutura genética de indivíduos e populações para sua caracterização e preservação de recursos genéticos. Assim, é possível perceber como a Genética Molecular tem trazido grandes contribuições para a genética de populações, bem como para a genética da conservação. Pois, através da genética molecular obtêm-se informações importantes sobre espécies ameaçadas, tais como, tamanho efetivo populacional, fluxo gênico e gargalos populacionais.



MATERIAIS E MÉTODOS

Foram obtidas amostras de sangue de 75 indivíduos coletados em cinco locais de ocorrência da espécie nos Estados de Mato Grosso do Sul (Sonora), Mato Grosso (Canabrava) e Goiás (Goiânia, Jataí e Minaçu) de acordo com a disponibilidade de exemplares no Núcleo de Ofiologia da Universidade Católica de Goiás (NUROG). O sangue era então colocado em um tubo vacutainer contendo anticoagulante EDTA e transportado até o Laboratório de Genética e Melhoramento do Departamento de Zootecnia/ITS/UCG, onde eram conservadas a 4ºC até ao momento da extração para evitar a coagulação do sangue e a degradação do DNA. Então se começava a extração do DNA que era realizado no mesmo dia da coleta do sangue dos animas.

O DNA extraído do sangue seguindo de um protocolo do kit de purificação de DNA de sangue, fornecido pela Amersham Pharmacia BiotechTM . Em seguida foi realizado um teste amplificação utilizando 9 primers das séries OPA (1, 2 e 3), OPB (1, 2 e 3), OPC (1, 2 e 3) para verificar a qualidade do DNA extraído. A seleção dos primers RAPD foi, então, feita utilizando amostras de três indivíduos para a amplificação, via Reação em Cadeia da Polimerase, de 78 primers das séries OPA (1 a 16), OPB (1 a 20), OPM (1 a 20) e OPP (1 a 20) da marca Operon. Cada gel da seleção de primers foi codificado considerando presença (1) ou ausência (0) da banda nas amostras e sua intensidade. As bandas eram classificadas quanto à intensidade, sendo elas, fraca (1), média (2) e forte (3). Em seguida foi feita uma média de intensidade por loco, para que fosse feita a escolha dos melhores primers.

Os fragmentos de DNA obtidos foi para 78 primers nos 3 indivíduos, foram analisados pela técnica de eletroforese em gel de agarose 1,5% submersos no tampão TBE (Tris Borato EDTA – 1X) e, em seguida, corados com brometo de etídio, visualizados com o auxílio de um transiluminador de luz ultravioleta e fotografados para as análises posteriores. Os primers selecionados foram utilizados para a amplificação do DNA dos 75indivíduos das cinco populações. Em seguida foram avaliadas divergências genéticas entre as populações.


RESUTADOS


Caracterização da variabilidade dentro e entre populações

As cinco populações de Bothrops moojeni apresentaram uma baixa variabilidade genética, observada para os 5 primers de RAPD utilizados nos 75 indivíduos analisados. Considerando cada primer, o número de locos variou entre 9 e 18, com um total de 59 locos nas cinco populações.

A diversidade genética ou heterozigose esperada (Nei, 1973), quando se considera todos os locos simultaneamente nos 75 indivíduos variou entre 0 e 0,5, mostrando que existem locos com muita diversidade e locos que já não a possuem, indicando haver um processo de perda de diversidade genética. Quando esta diversidade genética é analisada por população observou-se uma variação entre 0,11 e 0,17, com um valor global de 0,199. Como o valor máximo esperado da diversidade genética quando se analisa um loco com dois alelos (pressuposto do RAPD) é 0,5, pode-se concluir que de maneira global a diversidade em B. moojeni está baixa, pois 0,199 não equivale nem à metade do valor esperado.

A análise de variância molecular (AMOVA) quando realizada considerando todos os locos mostrou que, de fato, existe uma estruturação na variabilidade genética destas populações, com um ST Φ igual a 0,1369, significativo ao nível de 1% através de 10000 permutações aleatórias. Da diversidade genética total, cerca de 13% da variabilidade genética está “entre” as populações, enquanto que 86% da variação encontra-se “dentro” das populações8), o que poderia indicar que já está ocorrendo uma redução na taxa de fluxo gênico entre as populações.

O processo de fragmentação proporciona a formação de “ilhas” de remanescentes que levam as populações à evoluir independentemente umas das outras, produzindo, desta forma, heterogeneidade espacial da variabilidade genética (alta estruturação) e ausência de padrão espacial na variabilidade genética (Sokal, 1986), como o que foi encontrado nestas populações de B. moojeni neste estudo. Em B. moojeni, não foram encontrados estudos abordando a presença de anomalias em populações selvagens.


Divergência e padrão espacial da variabilidade genética

As distâncias genéticas quando agrupados pelo UPGMA mostraram uma correlação cofenética do agrupamento relativamente baixa (0,59), de modo que as ligações do dendrograma não refletem corretamente os padrões multivariados de distância genética. Essa correlação cofenética baixa é esperada para sistemas que não apresentam uma estruturação hierárquica muito clara (Rodrigues & Diniz-Filho, 1998).


Implicações e sugestões para a conservação da espécie Bothrops moojeni

Os resultados do presente trabalho demonstram que a diversidade genética dessas populações é baixa para uma espécie que é considerada abundante na região do Cerrado, denotando a importância de estratégias de manejo e conservação para B. moojeni.


CONCLUSÕES

  • Com base em uma avaliação do padrão de bandas foram selecionados 14 primers RAPD (OPA-01, OPA-03, OPB-04, OPB-06, OPB-18, OPM-01, OPP-04, OPP-06, OPP-07, OPP-08, OPP-13, OPP-14, OPP-15, OPP-16);
  • As populações de Bothrops moojeni apresentam baixos níveis de diversidade genética para os cinco primers locos RAPD avaliados (OPB-18, OPP-04, OPP-06, OPP-15, OPP-16);
  • A variabilidade genética se encontra significativamente estruturada entre e dentro das cinco populações de Bothrops moojeni avaliadas;
  • Não foi encontrado um padrão espacial significativo da variabilidade genética nas populações de Bothrops moojeni para estes locos RAPD;
  • A grande maioria dos artigos publicados no sítio “Institute for Scientific Information” (ISI) utilizando a espécie Bothrops moojeni se concentram nas áreas de Bioquímica & Biologia Molecular, Toxicologia e Farmacologia & Farmácia, não existindo nenhum trabalho publicado, até a presente data, que avalie a variabilidade genética desta espécie;
  • Pode-se verificar que existe uma ampla possibilidade de utilização do veneno de B. moojeni, não só na soroterapia mais também para o desenho de novos fármacos de aplicação na saúde, tais como antitumorais, antimicrobianos e antiparasitários;
  • Deve-se proceder com certa urgência a uma análise mais sistemática e de maior magnitude para avaliar a variabilidade genética desta espécie que além de sua importância para a conservação é uma espécie de muito interesse para a área de saúde.

REFERÊNCIA BIBIOGRÁFICA

LOPES DUTRA NICOLE CRISTINA - Caracterização da variabilidade genética em populações da serpente Bothrops moojeni. Hoge, 1966 (Squamata: Viperidae): importância para a conservação e utilização na saúde.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

IMUNOLOGIA - SORO ANTI-VENENO


INTRODUÇÃO


No final do século XIX, a descoberta dos agentes causadores de doenças infecciosas representou um passo fundamental no avanço da medicina experimental. Um dos principais aspectos desse avanço foi o desenvolvimento da soroterapia, que consiste na aplicação no paciente de um soro contendo um concentrado de anticorpos. A soroterapia tem a finalidade de combater uma doença específica (no caso de moléstias infecciosas), ou um agente tóxico específico (venenos ou toxinas).

Dr. Vital Brazil Mineiro da Campanha, médico sanitarista, residindo em Botucatu, passou a realizar experimentos com os venenos ofídicos baseandoo-se nos primeiros trabalhos com soroterapia realizados pelo francês Albert Calmette. Descobriu que cada tipo de veneno ofídico requer um soro específico, preparado com o veneno do mesmo gênero de serpente que causou o acidente.

Em 1901 foi fundado o Instituto Serumtheráphico de Butantan - nome original do Instituto Butantan. Dr. Vital Brazil deu prosseguimento à preparação de soros antiofídicos nesse Instituto, para atender ao grande número de acidentes com serpentes peçonhentas.

São notificados, anualmente, mais de 20.000 acidentes por serpentes peçonhentas no Brasil.

88,3% - Bothrops (Jararacas);

8,3% - Crotalus (Cascavel);

2,7% - Lachesis (Surucucu);

0,7% - Micrurus (Coral Verdadeira).


VACINA X SORO

Soros já conterem os anticorpos necessários para combater uma determinada doença ou intoxicação. Vacinas contêm agentes infecciosos incapazes de provocar a doença (a vacina é inócua), mas que induzem o sistema imunológico da pessoa a produzir anticorpos, evitando a contração da doença. Portanto, o soro é curativo, enquanto a vacina é, essencialmente, preventiva.


FABRIÇÃO DO SORO

Após a extração, a peçonha é submetida a um processo chamado liofilizacão, que desidrata e cristaliza o veneno. A produção do soro obedece às seguintes etapas:

  1. O veneno liofilizado (antígeno) é diluído e injetado no cavalo, em doses adequadas. Esse processo leva 40 dias e é chamado de Hiperimunização.
  2. Após a hiperimunizacão, é realizada uma sangria exploratória, retirando uma amostra de sangue para medir o teor de anticorpos produzidos em resposta as injeções do antígeno.
  3. Quando o teor de anticorpos atinge o nível desejado, é realizada a sangria final, retirando-se cerca de quinze litros de sangue de um cavalo de 500 Kg em três etapas, com um intervalo de 48 horas.
  4. No plasma (parte líquida do sangue) são encontrados os anticorpos. O soro é obtido a partir da purificação e concentração desse plasma.
  5. As hemácias (que formam a parte vermelha do sangue) são devolvidas ao animal, através de uma técnica desenvolvida no Instituto Butantan, chamada plasmaferese. Essa técnica de reposição reduz os efeitos colaterais provocados pela sangria.



No final do processo, o soro obtido é submetido a testes de controle de qualidade:

  1. Atividade biológica: para verificação da quantidade de anticorpos produzidos.
  2. Esterilidade: para a detecção de eventuais contaminações durante a produção.
  3. Inocuidade: teste de segurança para o uso humano.
  4. Pirogênio: para detectar a presença dessa substância, que provoca alterações de temperatura nos pacientes.

A hiperimunização para a obtenção do soro é realizada em cavalos desde o começo do século porque, são animais de grande porte. Assim, produzem uma volumosa quantidade de plasma com anticorpos para o processamento industrial de soro para atender à demanda nacional, sem que os animais sejam prejudicados no processo.


TIPOS DE SORO

  • Antibotrópico: para acidentes com jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, cotiara.
  • Anticrotálico: para acidentes com cascavel.
  • Antilaquético: para acidentes com surucucu.
  • Antielapídico: para acidentes com coral.
  • Antibotrópico-laquético: para acidentes com jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, cotiara ou surucucu.

EXPERIMENTOS

As doses recomendadas foram, inicialmente, baseadas na estimativa da quantidade de veneno que a serpente poderia inocular e na capacidade neutralizante do soro mensurada por soroneutralização in vitro e posterior inoculação em animais de experimentação.
A quantidade de veneno que as serpentes inoculam durante o bote defensivo era estimada pelo quanto se pode extrair de exemplares da mesma espécie. Um erro. O fato da quantidade de veneno que pode ser extraída pelo homem nem sempre é necessariamente a mesma que a serpente consegue inocular. Após a estimativa da quantidade de veneno que pode ser inoculada, bastaria saber, para o tratamento do paciente, o volume de soro necessário para neutralizá-la. Se a maior quantidade de veneno que se podia extrair, por exemplo, de Bothrops jararaca era cerca de 160mg, acreditava-se que um volume de soro suficiente para neutralizá-la seria suficiente para o tratamento de, virtualmente, todos os envenenamentos por essa serpente. Nesse ponto, entretanto, o erro pode ser ainda maior.

A capacidade neutralizante do soro não representa um valor absoluto. Não se pode dizer, portanto, que um paciente que foi inoculado com 160mg de veneno de B. jararaca, necessariamente, terá tratamento adequado com soro na dose correspondente àquela que foi inoculada, neutralizando tal quantidade de veneno.



DOSAGEM

Deve-se considerar a gravidade do envenenamento e, portanto, a dose necessária para o tratamento dependem de variáveis como: gênero, espécie e porte da serpente que causou o acidente, região anatômica picada, via de inoculação do veneno e do antiveneno, tempo transcorrido entre o acidente e a soroterapia. Na prática clínica, a orientação tem sido no sentido de se administrar o soro por via endovenosa, com a dose calculada por número de ampolas, de acordo com a gravidade do envenenamento independente do peso do paciente.

Dificuldades na produção dos soros antiofídicos e a utilização de doses cada vez maiores e que, eventualmente, poderiam ser excessivas estimularam a realização de estudos para avaliar as doses mais adequadas para o tratamento.

Em estudos recentes, o Butantan Institute Antivenom Study Group (BIASG) avaliou pacientes picados por serpentes do gênero Bothrops, nos quais administrou as doses de soro antibotrópico atualmente recomendadas pelos órgãos oficiais de saúde (4 ou 8 ampolas, respectivamente, para casos de envenenamento leve ou moderado). Observou-se que, após o tratamento, a maioria apresentou uma rápida melhora clínica e poucos desenvolveram novos sinais compatíveis com envenenamento. Através de imunoensaio enzimático (ELISA) foi possível observar que o veneno foi depurado do plasma de todos os pacientes dentro de 4 dias e o antiveneno permaneceu em concentrações relativamente altas nos três primeiros dias, decrescendo gradualmente nos 30 dias seguintes.



RESULTADOS

Concluiu-se que, provavelmente, ambos os grupos de pacientes receberam doses de antiveneno excessivas para neutralizar o veneno. Nos pacientes que receberam oito ampolas de antiveneno, entretanto, a queda dos níveis de antígenos foi mais rápida. Esses dados sugerem que as doses utilizadas para o tratamento de envenenamento recomendadas pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e pelo Ministério da Saúde, são desnecessariamente altas.

Apesar dos resultados acima, não pode-se descartar que, em casos excepcionalmente graves em que o paciente corre risco de vida por apresentar choque, sangramento grave, etc., haveria benefício na administração de grandes quantidades de moléculas de anticorpos e relação à quantidade de antígeno inoculada.

Envenenamentos graves não foram avaliados e permanecem as recomendações de doses altas (12 ou mais ampolas), conforme orientações oficiais. Esses casos, entretanto, são menos freqüentes.



CONCLUSÃO


Pode-se dizer que a tendência atual deve ser a utilização de doses menores de soro, pelo menos quando se trata de envenenamentos leves e moderados, principalmente em locais de alta prevalência de B. jararaca. Os antivenenos mostraram-se mais eficiêntes quanto administrados em um curto período de tempo após o envenenamento e com a dosagem recomendada conforme a gravidade do acidente.



BIBLIOGRAFIA


Livro Instututo Butantan: Série Didática, Soros e Vacinas.


Artigo: Dose de soro (antiveneno) no tratamento do envenenamento por serpentes peçonhentas do gênero Bothrops, por M.T. JORGE e L.A. RIBEIRO. Departamento de Clínica Médica, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG.